quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A Vida sem o Zero

CAPÍTULO 1

Contam os historiadores que o início do pensamento matemático se deve ao desejo de pastores contar suas ovelhas e à necessidade do homem de registrar a passagem do tempo. Nenhuma destas tarefas requer o uso do zero. Afinal, não contamos zero ovelhas ou sequer mencionamos o dia zero do mês. As civilizações mais antigas que só usavam a matemática para contar e registrar a passagem do tempo, viveram muito bem, milênios antes da descoberta do zero. De fato, o zero era tão aberrante para algumas civilizações que estas resolveram viver sem ele.

Mas, como, exatamente, viviam essas civilizações antes da descoberta deste surpreendente elemento? É muito difícil imaginarmos a vida sem o número zero, porque, após muitos séculos, já estamos por demais acostumados com sua presença. Para tentar imaginar o quanto é difícil uma vida sem o zero, poderíamos fazer uma analogia com os outros números. Assim, é mais fácil perceber que, da mesma forma, é difícil imaginar a vida sem o 9 ou o 28.

No entanto, houve um tempo em que não havia o zero, nem o 9, nem o 28. Esta conclusão é baseada em várias descobertas arqueológicas, como a de um osso de lobo de mais de 30.000 anos, com uma série de entalhes esculpidos, feita pelo arqueólogo Karl Absolom, nos anos 30.

Ninguém sabe ao certo para que esse homem das cavernas usava tal osso. Poderia ser para contar quantos animais já havia matado, ou quantos dias já haviam passado sem um banho, ou quantas frutas conseguiu comer de uma vez só. Enfim, a única coisa que podemos dizer é que os primeiros homens usavam este tipo de marcação para realizar e registrar o resultado de contagens. Vale ressaltar que o osso dos homens das cavernas funcionava como um grande computador da época, dado que seus antepassados não tinham nem a condição de exprimir a quantidade exata para determinadas contagens, pois só diferenciavam entre um e muitos. Isto é, um antepassado do homem das cavernas tinha uma ponta de lança ou muitas pontas de lança; recolhia uma maçã da árvore ou muitas maçãs.
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Com o tempo, a linguagem foi se aprimorando e começou a haver distinções entre um, dois e muitos; um, dois, três e muitos e, assim, sucessivamente. Contudo, ainda hoje existem povos, tais como os índios bolivianos Siriona e os brasileiros Ianomames, cuja linguagem é limitada não existindo palavras para designar quantidades superiores a três. No lugar destas, entram muito ou muitos. Sem dúvida, esses povos não precisavam do zero para suas necessidades diárias.
Continua...

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